Como a humanidade pode ser extinta em 2026?

Quatro meses após as bombas Little Boy e Fat Man terem dizimado as cidades japonesas Hiroshima e Nagasaki, foi fundada a Bulletin of the Atomic Scientis (BAS), uma organização sem fins lucrativos da Universidade de Chicago. Ela visa apontar questões científicas e de segurança global resultantes dos avanços tecnológicos que têm consequências negativas para a humanidade.

Em 1947, os cientistas desenvolveram o Relógio do Juízo Final, uma iniciativa voltada a ser um alerta à humanidade sobre os perigos de uma guerra nuclear com base nas movimentações políticas, mostrando o quão perto a humanidade pode estar de sua extinção. Anualmente, o Conselho de Ciência e Segurança disponibiliza um boletim em que aumentam, diminuem ou mantêm a distância do ponteiro do Relógio para a meia-noite, horário simbólico que representaria a nossa extinção.

(Fonte: Getty Images)

Ao longo dos anos, já estivemos 6 vezes próximo do apocalipse, sempre em circunstâncias diferentes. Em 2015, o Relógio do Juízo Final marcou 3 minutos para a meia-noite devido ao significante avanço da Rússia sobre a Ucrânia. Além disso, os russos e estadunidenses espantaram o mundo ao darem início ao processo de modernização de seus programas de armas nucleares. A mudança climática drástica também ergueu preocupação e ajudou a piorar a possibilidade de um futuro.

Mas nunca estivemos tão próximos do apocalipse, visto que em 2023 o BAS posicionou os ponteiros de seu relógio em 90 segundos. E isso está alinhado com o que o cientista Heinz von Foerster acreditava em 1960: a humanidade pode ser extinta até 2026.

Espremidos até a morte

(Fonte: Getty Images)

O físico austríaco-americano, professor da Universidade de Illinois, nascido em Viena, na Áustria, em 1911, explicou em uma entrevista para a revista Time que a humanidade não vai acabar devido às condições climáticas desesperadoras, a tirania das elites governamentais, tampouco de uma crise econômica destrutiva ou o flagelo de uma doença esmagadora; mas porque a Terra está cheia demais.

Partindo do princípio que prosperidade é igual à morte, von Foerster acredita que a humanidade será espremida até a morte – se até lá não se explodir ou extinguir com a falta de suprimento. Em 2022, a população mundial chegou a 8 bilhões, mostrando como o número disparou ao longo do século XX, escalando rapidamente dos 3 bilhões em 1960. Há 2 mil anos, havia cerca de 275 milhões de seres vivos, o que mostra que não só a população humana está aumentando, como está o fazendo cada vez mais rápido.

(Fonte: Getty Images)

As análises prospectivas da Organização das Nações Unidas (OMS) apontam que a população humana chegará a quase 10 bilhões em 2050 e mais de 11 bilhões até 2100. Isso como consequência de uma das maiores taxas de sobrevivência humana em idade reprodutiva, uma das principais causas desse boom populacional – apesar de tudo o que já foi informado sobre a diminuição dos índices de fertilidade nas últimas décadas.

Não só isso é verdade quanto as empresas já estão tentando entender como vão colocar tantas pessoas em centros urbanos, sendo que é estimado que 60% da população mundial esteja vivendo em cidades até 2050. Isso significa que é preciso encontrar moradia para cerca de 2,5 bilhões de pessoas até lá, considerando que o solo urbano se tornou um recurso cada vez mais limitado devido à expansão do setor da agropecuária.

Não é para menos que governos de alguns países estão pensando em alternativas para dar um jeito no problema, como fez a França com seu projeto “Reinvent Paris 2”, que pedia a designers que criassem usos para terrenos urbanos atualmente não utilizados ou subutilizados.

A antiga alternativa

(Fonte: Getty Images)

Von Foerster não acreditava na corrente de pensamento do século XIX, que pregava que humanos se reproduziriam ao infinito e que pereceriam devido à falta de recursos, como defendia o economista britânico Thomas Malthus. Ele formulou a “teoria da população” argumentando que os humanos cresceriam em progressão geométrica, enquanto a produção de alimentos cresceria em progressão aritmética, levando eventualmente a crises de fome e escassez.

Ao usar a matemática elaborada, von Foerster defendia que nossos tataranetos não morreriam de fome, mas seriam espremidos até a morte. Isso porque, segundo o físico, qualquer população que aumente a uma taxa acelerada, como os humanos têm feito, está caminhando para “problemas finais”.

Atualmente, 40% da terra do planeta é coberta por fazendas industriais, segundo o relatório de 2019 emitido pela Plataforma Intergovernamental de Políticas Científicas sobre Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos, sendo que 60% das terras agrícolas do mundo são utilizadas para a indústria da carne.

(Fonte: Getty Images)

Até mesmo a melhor tecnologia de alimentos, segundo von Foerster, não pode correr à frente da curva cada vez mais dificultosa que é o crescimento populacional. Usando seu conhecimento em “princípios computacionais em organismos vivos” para estabelecer um paralelo, o homem alegava que, uma vez que o ambiente do homem se torna cada vez menos influenciado por “forças naturais” e cada vez mais por forças sociais determinadas pelo homem, ele mesmo pode assumir o controle sobre seu destino.

Na opinião do austríaco-americano, significa que, no momento, o controle de natalidade é a solução para que a humanidade não entre em extinção. Ao contrário da extinta política do filho único da China, a sugestão de von Foerster eram métodos comparativamente indolores, como a tributação pesada sobre famílias com mais de dois filhos. Essa alternativa, no entanto, não se aplicava ao recorte social e o quanto famílias pobres sofreriam em uma sociedade ainda mais defeituosa.

 

* Esta publicação não reflete, necessariamente, a opinião do Portal Fala Santarém

Sair da versão mobile