Santarém

Iniciativa pioneira forma grupos de trabalho para enfrentar a contaminação por mercúrio no Rio Tapajós

Em um esforço conjunto para enfrentar a contaminação por mercúrio na Bacia do Tapajós, o Ministério Público Federal (MPF) e o Ministério Público do Estado do Pará (MPPA), em parceria com a sociedade civil, inauguraram um fórum dedicado a abordar esta questão crítica. O fórum visa promover a identificação, controle e fiscalização de áreas contaminadas, a sistematização e divulgação de dados e pesquisas, oferecer alternativas de saúde pública para a população exposta, além de trabalhar na recomposição de áreas afetadas e fomentar uma economia sustentável na região. Com informações do G1 Santarém e Região.

Grupos de trabalho específicos foram estabelecidos para desenvolver diretrizes que orientarão a criação de projetos, programas e ações em colaboração com a sociedade civil, visando construir um plano de ação abrangente que atenda às necessidades dos habitantes da Bacia do Tapajós. A procuradora da República, Thaís Medeiros da Costa, destacou a importância da colaboração entre os diferentes setores da sociedade para a elaboração de soluções eficazes. As reuniões dos grupos de trabalho ocorrerão mensalmente, com o processo decisório do fórum sendo realizado por meio de encontros regulares e extraordinários.

No primeiro encontro do fórum, pesquisadores apresentaram dados alarmantes, revelando a presença de mercúrio em níveis acima dos limites de segurança em moradores da região oeste e sudoeste do Pará. O pesquisador Paulo Cesar Basta, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), chamou atenção para os efeitos da contaminação em crianças indígenas da etnia Munduruku, incluindo síndromes e malformações congênitas. Uma pesquisa liderada pela Fiocruz entre 2015 e 2019 em três aldeias Munduruku no médio Rio Tapajós constatou que todos os 200 habitantes examinados apresentavam níveis de mercúrio, com 57,9% acima dos limites seguros. A análise do pescado também indicou contaminação em todas as amostras, com espécies piscívoras exibindo os maiores níveis de mercúrio.

Além disso, um estudo realizado com 462 moradores da área ribeirinha e urbana de Santarém, coordenado por Heloisa Meneses da Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa), revelou que 75,6% dos participantes apresentavam níveis de mercúrio acima do recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Os sintomas mais comuns incluíam diminuição da audição e da coordenação motora, hipertensão, dificuldade de concentração, distúrbios do sono, entre outros. Esses dados sublinham a gravidade da contaminação por mercúrio na região e a urgência de ações coordenadas para mitigar seus efeitos sobre a saúde pública e o meio ambiente.

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